domingo, 25 de setembro de 2011

OS POLÍTICOS E OS CONTATOS COM AS BASES

Afinal de contas, o que vêm a ser os "contatos com as bases", expressão que nossos políticos tanto usam para justificar suas ausências ao trabalho às segundas e às sextas-feiras, bem como para explicar o porquê do uso de tantas passagens de avião e de correspondências gratuitas a que eles têm direito?
Os legisladores (vereadores, deputados estaduais, federais e senadores), não exercem uma atividade comum. Não se trata de um simples emprego que pode ser equiparado a qualquer outro da iniciativa privada. Na realidade, tais parlamentares são nossos representantes junto ao Governo. É por isso que se diz que eles recebem um "mandato", que, em sua gênese, traz a ideia de "procuração", tal como aquela que você outorga a um advogado ou a um amigo para representá-lo em determinados atos privados de seu interesse.
Para facilitar a compreensão do tema, basta que você tenha em mente que, quando você outorga um mandato a um advogado ou a um amigo, você assim procede para que tais pessoas recebam instruções suas em assuntos que precisa resolver, mas não tem tempo ou conhecimento técnico suficiente para fazê-lo pessoalmente. Com um parlamentar a ideia é a mesma. Você dá seu voto a ele e, uma vez eleito, ele deve manter contato com você para entender quais são os interesses (públicos e não de natureza particular) que você anseia. É lógico que esse contato não precisa ser feito um a um, eleitor a eleitor, mas o chamado "contato com as bases", nada mais é do que o contato que a classe política precisa manter com seus eleitores para buscar ideias e posicionamentos sobre a atuação que ele deve ter junto ao Governo.
A explicação inicial do tema (para alguns leitores seria apenas a reativação do tema em sua memória) só foi mencionada para que percebamos o quão distante da realidade está o tão aclamado "contato com as bases" por parte de nossa classe política.
Diga com sinceridade: quantas vezes você já recebeu em sua casa uma correspondência de um parlamentar que pedisse para que você opinasse sobre algum tema político ou social? Dificilmente alguém se lembrará de algo a respeito. Com certeza as correspondências que você recebeu só serviram para fazer propaganda do partido do candidato ou algo parecido.
E quanto a reuniões promovidas em sua cidade para discussão de temas de nosso interesse, para saber sua opinião? Você se lembra de alguma fora da época em que se aproximam as eleições?
É necessário que nós demos integral apoio aos parlamentares para que eles tenham o tão falado "contato com as bases". Mas essa atividade tem que se fazer presente no cotidiano deles. Temos que sentir que somos consultados sobre assuntos de nosso interesse.
A prova maior de que não temos sido ouvidos em nossas aspirações diz respeito ao aspecto da segurança pública.
Em data recente, o vice-presidente da República, Michel Temer, sofreu tentativa de assalto quando estava em São Paulo, no interior de seu automóvel. O que aconteceu na oportunidade? Seus seguranças, que estavam em outro carro de apoio, dominaram o assaltante e o prenderam. Mas quantos de nós pode contar com o mesmo aparato de segurança? Praticamente ninguém.
O episódio simplesmente demonstra o quanto nossos políticos estão afastados de suas bases, pois se eles tivessem contato conosco veriam que não aguentamos mais a violência e criminalidade que estão em nossas ruas, e ouviriam de nós que queremos um endurecimento da lei penal, para que as pessoas que pratiquem infrações fiquem presas e não andando livremente pelas ruas.
Reflita a respeito.

domingo, 4 de setembro de 2011

QUEM É O PRISIONEIRO?

No Brasil de hoje vivemos uma situação absolutamente anômala, com inversão da situação de pessoas livres e prisioneiras.

Em qualquer país civilizado as pessoas que atentam contra a vida e o patrimônio de alguém cumprem suas penas em presídios, cercados por muros, guardas, guaritas, câmeras, arames, etc., que impedem sua fuga, garantindo, assim, a liberdade das pessoas de bem, que respeitam as normas sociais. Mas e em nosso país, qual é a realidade atual?
Se você é uma pessoa atenta já percebeu o que ocorre há muito tempo nas grandes cidades e, com rapidez astronômica, tem se espalhado para as cidades de médio e pequeno porte.
O que são os condomínios residenciais? Parece-me que a melhor definição para eles é a de presídios invertidos. Sim. O cidadão de bem constrói sua casa dentro de uma muralha, com guaritas de segurança, cercas elétricas, câmeras, vigilantes e diversos outros aparatos e paga por isso. Ou seja, moramos dentro de um presídio e pagamos para não deixar que os verdadeiros infratores da lei invadam nosso espaço. Observe bem o que isso representa. Quem é que tem a verdadeira liberdade, quem vive trancafiado e com medo dentro da muralha ou quem está nas ruas, que, por definição, seria o espaço destinado às pessoas livres?
Mas mesmo quem não mora em condomínios fechados não se pode dar ao luxo da "liberdade". Observe como qualquer residência está cada vez mais tomada de apetrechos para evitar a invasão de pessoas mal intencionadas. São cercas elétricas ou de arame farpado, cacos de vidro, grades, cadeados, portões automáticos, porteiros eletrônicos, e diversas outras "engenhocas" criadas pelos moradores para evitar a invasão das pessoas que venham a atentar contra a segurança de seus entes queridos.

E o que tem acontecido com intensidade cada vez maior quando os cidadãos livres saem às ruas para o trabalho ou para o lazer? A quantidade de furtos, roubos, latrocínios e homicídios falam por si só. Quem já não foi vítima ou teve alguma pessoa próxima, da família ou de seu círculo de conhecidos que foi vítima de um desses crimes, às vezes até mesmo dentro de nossos carros, em um farol ou num congestionamento? Fale a verdade. A situação está tão sem controle que nós temos até mesmo deixado de noticiar crimes de furto às autoridades, achando que eles são de pequena importância (e não são).

Até quando vamos suportar isso? Já não passou da hora de nossos governantes endurecerem a legislação de uma forma verdadeiramente eficaz para fazer as coisas voltarem a seu caminho normal, ou seja, devolver a rua e a liberdade às pessoas que verdadeiramente mereçam nela estar?

Reflita a respeito.