Sei que vou tocar em um ponto delicado e polêmico, mesmo porque falo de uma paixão não só nacional, mas também mundial.
Mas se a matéria for analisada com um pouco menos de paixão, tenho certeza de que algumas pessoas hão de aderir a meu pensamento.
Respondam comigo: qual é a verdadeira graça do futebol?
Com certeza muitos dirão que são os dribles. Outros que são os belos lançamentos. Outros que são os belos chutes a gol. Se você foi um dos que citou essas opções, deve ter se esquecido que o verdadeiro momento de êxtase no futebol é o "GOL".
Todavia, o tal senhor GOL é um cavalheiro cada vez mais estranho nas partidas disputadas. Chegamos a um ponto de as emissoras de TV terem que se preocupar com dados que, embora interessantes, não têm nenhuma relevância no resultado da partida, como "posse de bola", "escanteios", "faltas", "chutes a gol" e, recentemente, "quantos Km um jogador correu durante uma partida".
Pensem bem. Para que servem esses dados estatísticos, que nada valem na soma de pontos de qualquer campeonato e sequer são um critério de desempate? A resposta é simples. Tais dados são mencionados para tentar dar alguma significância à maioria das partidas que assistimos e que, invariavelmente, terminam empatadas em zero a zero ou com apenas um ou dois gols marcados. Sem a indicação de tais dados as partidas televisionadas seriam ainda mais monótonas.
A FIFA começou a se preocupar com tais dados, mas ainda não propôs nenhuma ideia efetivamente relevante para mudar a situação.
No momento da postagem desta matéria o Brasil acabou de ser eliminado da Copa América pela seleção do Paraguai, em um jogo que terminou empatado em zero a zero tanto no tempo normal, quanto na prorrogação, o mesmo que ocorreu no jogo de ontem entre a Argentina e o Uruguai. Em ambos a decisão precisou ir para os pênaltis, coisa que não ocorre em jogos de campeonatos normais, de forma que o torcedor vai ao estádio e sai frustrado em sua espectativa de assistir a pelo menos um golzinho. Aliás, a tônica dessa Copa América tem sido os empates frustrantes e a escassez de gols.
Em meu modo de ver, o problema maior é que o futebol continua a ser praticado basicamente com as mesmas regras do momento de sua criação, de cerca de um século. Os dirigentes tem medo de mudá-las, pois o esporte envolve bilhões de dólares pelo mundo afora. Esquecem-se que a ingenuidade do futebol do início do século passado não mais existe. Os zagueiros cometem faltas duras, que hoje são encaradas como normais, mas naquele tempo seriam motivo de expulsão. O "futebol força" precisa, portanto, de uma mudança, que pode ser singela.
Minha sugestão é que o tamanho oficial das traves seja ligeiramente aumentado. Obviamente não estou falando em uma mudança drástica, pois isto poderia desincentivar a criativadade e o talento dos times e dos jogadores. O importante é que o aumento ocorresse tanto na largura quanto na altura. O aumento poderia ser pequeno, analisado pelos dirigentes da FIFA após a oitiva de especialistas. Todavia, também não poderia sr tímido demais, como de apenas um ou dois centímetros, pois se perderia tempo com um debate que, na prática, seria inútil.
Para os céticos há de se mencionar que os atletas mudaram muito ao longo dos anos. Basta que se veja que os goleiros do século passado eram muito menores em estatura do que os atuais. Salvo engano, o goleiro Félix, da selação brasileira tricampeã em l970, tinha pouco mais de um 1,70m, mas o tamanho do gol era o mesmo. É desnecessário dizer que a envergadura dos goleiros atuais, normalmente com cerca de 1,90m, é muito maior, o que dificulta o trabalho dos atacantes, que agora também encontram maior resistência dos violentos jogadores do time adversário.
Está lançada a ideia.
Trata-se de apenas uma ideia e, como tal, sujeita a críticas e aprimoramentos. O importante, contudo, é que todos (a ideia, as críticas e os aprimoramentos) sejam analisados e implementados, para que em um curto espaço de tempo as partidas de futebol se tornem mais emocionantes e as copas do mundo ainda mais atrativas.
Reflita a respeito.
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